Pesquisar este blog

quinta-feira, 20 de junho de 2013

BINGO ORTOGRÁFICO

HOJE, MONTEI UM JOGO CHAMADO BINGO ORTOGRÁFICO. APLIQUEI EM SALA DE AULA COM MEUS ALUNOS DO 8º ANO.
FOI INTERESSANTE, OS MESMOS GOSTARAM DO JOGO. ALÉM DE TRABALHAR COM A ORTOGRAFIA, TEMOS OUTRAS ATIVIDADES QUE PASSAREI AO VOLTAR DAS FÉRIAS...

ELABORAÇÃO DO JOGO:

1º ESCOLHA 30 PALAVRAS COM REGRAS ORTOGRÁFICAS QUE VOCÊ TENHA TRABALHADO EM SALA DE AULA;
2º PEÇA PARA OS ALUNOS FAZEREM UMA CARTELA DE BINGO NO CADERNO COM 20 LINHAS;
3º DEPOIS O PROFESSOR COLOCARÁ AS 30 PALAVRAS NA LOUSA E OS ALUNOS ESCOLHERÃO 20 ( A QUE ELES QUISEREM);
4º DEPOIS DE ESCOLHIDAS AS PALAVRAS O PROFESSOR SORTEARÁ AS PALAVRAS E QUEM ACERTAR TODAS PALAVRAS DO BINGO GANHA, LEMBRANDO QUE QUEM CONSEGUIR TEM QUE GRITAR... BINGO!
5º DEPOIS DO JOGO, VOCÊ PODE FAZER QUANTAS RODADAS QUISER. APÓS AS RODADAS, TEM OUTRAS ATIVIDADES COMO:

  • PEDIR AOS ALUNOS QUE ESCOLHAM TRÊS PALAVRAS E FORMEM FRASES, DEPOIS PEÇA PARA QUE ELES CIRCULEM-AS.
  • PEDIR AOS ALUNOS QUE ESCOLHAM OITO PALAVRAS E FORMEM UM TEXTO COM ELAS, DEPOIS PEÇA PARA QUE CIRCULEM-AS.


OBS: O PROFESSOR CONFECCIONARÁ PAPÉIS COM AS PALAVRAS PARA O SORTEIO. A QUANTIDADE DE PALAVRAS PODE SER REVISTO PELO PROFESSOR, O MESMO PODE UTILIZAR QUANTAS PALAVRAS QUISER.

FAÇA VOCÊ TAMBÉM, SEUS ALUNOS VÃO ADORAR... DEPOIS ME CONTE SUA EXPERIÊNCIA...

quarta-feira, 19 de junho de 2013

SUGESTÃO DE LEITURA

LIVRO: A ILHA PERDIDA DE MARIA JOSÉ DUPRÉ


VENHA DESCOBRIR O MISTÉRIO DA ILHA PERDIDA! O OUSADO PROJETO DE HENRIQUE E EDUARDO. VENHA ACOMPANHAR ESTA HISTÓRIA FANTÁSTICA, ONDE NÃO FALTAM AÇÃO E AVENTURA

segunda-feira, 17 de junho de 2013

PAUSA - MOACYR SCLIAR


Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba e lavou-se. Vestiu ­se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:
—Vais sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém­ feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.
— Todos os domingos tu sais cedo — observou a mulher
comazedume na voz.
— Temos muito trabalho no escritório — disse o marido,
secamente.
Ela olhou ossanduíches:
—Por que não vens almoçar?
— Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um
lanche.
A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga, Samuel pegou o chapéu:
—Volto de noite.
As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.
Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve­se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e
entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão,acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pos­ se de pé.
—Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é?Agente...
—Estoucompressa,seuRaul!—atalhouSamuel.
— Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. — Estendeu a chave.
Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante.
Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado,olharam ­no com curiosidade:
—Aqui,meu bem!—uma gritou, e riu: um cacarejo curto.
Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda ­roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia d'água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem,deu cor da e colocou ­o na mesinha de cabeceira. Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; comum suspiro,tirouo casaco eossapatos,afrouxouagravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no
papel de embrulho,deitou ­se e fechou os olhos. Dormir. Em pouco, dormia.Lá embaixo,acidade começava a mover ­se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos. Um raio de sol filtrou ­se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido. Samuel dormia;sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por índio montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia ­se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou­- se na cama, os olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá- ­lo com a lança. Esvaindo ­se em sangue, molhado de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois,silêncio. Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, lavou-­se.Vestiu-­se rapidamente e saiu. Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
—Já vai,seu Isidoro?
— Já — disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
—Até domingo que vem, seu Isidoro—disse o gerente.
—Não sei se virei—respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caía.
— O senhor diz isto, mas volta sempre — observou o homem, rindo. Samuel saiu.
Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou, um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa."
SCLIAR, Moacyr.In:BOSI,Alfredo.Oconto brasileiro contemporâneo.
SãoPaulo: Cutrix,1997

PASSEIO NOTURNO I- RUBEM FONSECA

PASSEIO NOTURNO – PARTE 1

Cheguei em casa carregando a pasta cheia de papéis, relatórios, estudos, pesquisas, propostas, contratos. Minha mulher, jogando paciência na cama, um copo de uísque na mesa de cabeceira, disse, sem tirar os olhos das cartas, você está com um ar cansado. Os sons da casa: minha filha no quarto dela treinando impostação de voz, a música quadrifônica do quarto do meu filho. Você não vai largar essa mala?, perguntou minha mulher, tira essa roupa, bebe um uisquinho, você precisa aprender a relaxar.
Fui para a biblioteca, o lugar da casa onde gostava de ficar isolado e como sempre não fiz nada. Abri o volume de pesquisas sobre a mesa, não via as letras e números, eu esperava apenas. Você não pára de trabalhar, aposto que os teus sócios não trabalham nem a metade e ganham a mesma coisa, entrou a minha mulher na sala com o copo na mão, já posso mandar servir o jantar?
A copeira servia à francesa, meus filhos tinham crescido, eu e a minha mulher estávamos gordos. É aquele vinho que você gosta, ela estalou a língua com prazer. Meu filho me pediu dinheiro quando estávamos no cafezinho, minha filha me pediu dinheiro na hora do licor. Minha mulher nada pediu, nós tínhamos conta bancária conjunta.
Vamos dar uma volta de carro, convidei. Eu sabia que ela não ia, era hora da novela. Não sei que graça você acha em passear de carro todas as noites, também aquele carro custou uma fortuna, tem que ser usado, eu é que cada vez me apego menos aos bens materiais, minha mulher respondeu.
Os carros dos meninos bloqueavam a porta da garagem, impedindo que eu tirasse o meu. Tirei os carros dos dois, botei na rua, tirei o meu, botei na rua, coloquei os dois carros novamente na garagem, fechei a porta, essas
manobras todas me deixaram levemente irritado, mas ao ver os pára-choques salientes do meu carro, o reforço especial duplo de aço cromado, senti o coração bater apressado de euforia. Enfiei a chave na ignição, era um motor poderoso que gerava a sua força em silêncio, escondido no capô aerodinâmico.
Saí, como sempre sem saber para onde ir, tinha que ser uma rua deserta, nesta cidade que tem mais gente do que moscas. Na avenida Brasil, ali não podia ser, muito movimento. Cheguei numa rua mal iluminada, cheia de árvores escuras, o lugar ideal. Homem ou mulher? Realmente não fazia grande diferença, mas não aparecia ninguém em condições, comecei a ficar tenso, isso sempre acontecia, eu até gostava, o alívio era maior. Então vi a mulher, podia ser ela, ainda que mulher fosse menos emocionante, por ser mais fácil. Ela caminhava apressadamente, carregando um embrulho de papel ordinário, coisas de padaria ou de quitanda, estava de saia e blusa, andava depressa, havia árvores na calçada, de vinte em vinte metros, um interessante problema a exigir uma grande dose de perícia. Apaguei as luzes do carro e acelerei. Ela só percebeu que eu ia para cima dela quando ouviu o som da borracha dos pneus batendo no meio-fio. Peguei a mulher acima dos joelhos, bem no meio das duas pernas, um pouco mais sobre a esquerda, um golpe perfeito, ouvi o barulho do impacto partindo os dois ossões, dei uma guinada rápida para a esquerda, passei como um foguete rente a uma das árvores e deslizei com os pneus cantando, de volta para o asfalto. Motor bom, o meu, ia de zero a cem quilômetros em nove segundos. Ainda deu para ver que o corpo todo desengonçado da mulher havia ido parar, colorido de sangue, em cima de um muro, desses baixinhos de casa de subúrbio.
Examinei o carro na garagem. Corri orgulhosamente a mão de leve pelos pára-lamas, os pára-choques sem marca. Poucas pessoas, no mundo inteiro, igualavam a minha habilidade no uso daquelas máquinas.
A família estava vendo televisão. Deu a sua voltinha, agora está mais calmo?, perguntou minha mulher, deitada no sofá, olhando fixamente o vídeo. Vou dormir, boa noite para todos, respondi, amanhã vou ter um dia terrível na companhia.